(fotos de Ana Kurika)
Perspectiva Romântica
Sabe-se que as matas da Quinta teriam sido no século XIV coutadas de caça da família Real, que então residia em Coimbra. Era aqui que Pedro e Inês se encontravam, sempre em segredo, de maneira a que nada perturbasse o seu amor. Inês que a história chamou "colo de garça", tal era a sua beleza, residia no Paço do Convento de Santa-Clara-a-Velha, distante da Quinta não mais de quinhentos metros.
Vivía alí porque a Rainha Santa Isabel havia decretado no seu testamento que se alguma pessoa da sua linhagem aí quisesse residir, o podia fazer.
Da Quinta sai um cano estreito, hoje chamado "dos amores", que vai terminar a uma centena de metros do Convento. Seriam as águas que brotam da Fonte dos Amores para este cano que serviriam de transporte para as cartas de amor de Pedro para Inês. Diz a lenda que o príncepe as colocava em barquinhos de madeira que, seguindo a corrente, iriam até às mãos delicadas de Inês.
Terá sido nas matas das Lágrimas que Inês foi assassinada pelos três validos de Afonso IV.
Reza a lenda que esta se encontrava "posta em sossego", quando de repente se viu abordada pelos três homens, que a esfaqueram até à morte. Terão sido as lágrimas que Inês então chorou que fizeram nascer a Fonte das Lágrimas, onde o sangue que do seu corpo saíu ainda hoje está gravado na rocha, onde permanecerá para sempre.
Mal Pedro subiu ao trono, logo arranjou a morte dos assassinos de Inês, fazendo-o de uma forma cruel, arrancando os seus corações. Depois transladou o corpo da sua amada para Alcobaça. Nessa altura terá sido feita uma marcha fúnebre até ao futuro local de repouso de Inês, na qual toda a Nobreza terá sido forçada a participar.
Já em Alcobaça diz-se que Inês foi coroada (Camões diz nos Lusíadas que Inês "depois de morta foi Rainha"), tendo os nobres sido obrigados a beijar a sua mão.
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Ao lado do Portugal dos Pequeninos, encontra-se a majestosa Quinta das Lágrimas, onde podemos disfrutar da mística de toda a história real e lendária, e observar um outro ângulo da cidade de Coimbra.
Os seus jardins convidam à viagem atrás descrita, e o sossego que alí é emanado é de uma dimensão superior.
O interior do hotel é rico e acolhedor, e os seus bares, interior e exterior são excelentes para um café com natas e a companhia certa.
Merece uma visita.
Tenho a certeza que vão gostar.
Um beijo
Ana Kurika