A Nova Xangai
É das maiores metrópoles mundiais e recuperou rapidamente o lugar que já teve como "Paris do Oriente" ou "Grande Prostituta". Xangai, com a sua linha de horizonte recheada de arranha-céus e neons, em ambiente misto "Flash Gordon" e "Blade Runner" (onde nem sequer falta a chuva miudinha e persistente), caminha confiante e optimista.
Como de resto toda a China.
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Como 2007 será o ano do Porco, e esse animal significa abundância na tradição chinesa, os casais agora unidos não deverão esperar para ter o primeiro filho. À escala chinesa, este "baby boom", como qualquer fenómeno de massas, atinge sempre proporções inauditas, repetindo-se a vaga ocorrida em 2000, ano do Dragão. "No futuro, estas crianças terão anos de grande e acrescida pressão na escola primária, na entrada para a universidade, na procura do primeiro emprego", reconhece um relatório oficial.
Mas os tempos são de tremendo optimismo, que perpassa praticamente por todos os sectores da sociedade chinesa, desde os mais ricos-poucos, por cada vez mais-aos mais pobres-muitos, mas cada vez menos. E isto enquanto as diferenças sociais cujo ideal comunista sempres foi conduzido para o seu esbatimento, se agudizam.
Quem visista hoje a China, especialmente se foi acompanhando a formidável transformação económica que o país sofreu nos últimos 20 anos, percebe essa atmosfera de optimismo e terá que reconhecer-mesmo com todas as limitações políticas de um regime ditatorial-que a sociedade chinesa, no seu todo, nunca foi tão livre, em três mil anos de história registada.
Hoje em dia, na China, cada um pode fazer tudo o que lhe apetece, em termos de comportamento social-escolha sexual, movimentação geográfica, estilo de vestuário, comportamento público, etc. A excepção, a linha na areia posta pelo regime, é a actividade política e a colocação em causa do poder, exercido em monopólio pelo PC chinês há quase seis décadas.
Xangai, que foi conhecida, nos loucos anos 20 do século passado tanto como "Paris do Oriente" como "A Grande Prostituta", voltou aos velhos tempos.
Pode-se encontrar de tudo e fazer-se de tudo na noite da cidade. Os jornais estão cheios de anúncios a "massagens" e a prostituição de luxo está omnipresente nos "lobbies" dos hotéis e nos bares dos arranha-céus, para lá das nuvens.
As jovens, em geral, e quebrando tradições milenares, enchem os solários, abandonando as modas imperiais de cútis alva (sinal de elegância e feminilidade) para ostentarem uma muito ocidental onda de "bronze".
As grandes marcas de luxo, presentes por toda a China, não podem faltar em Xangai, onde a NanjingLu, uma rua com mais de seis quilómetros, só para peões, alinha 600 lojas internacionais e grandes armazéns chineses, podendo receber num só dia algo como um milhão de consumidores.
A cidade é agitada diariamente com festas que já nem Paris ou Nova Iorque conseguem igualar. Há dias, a "beautiful people" local encheu a Festa Vermelha Dior, que inaugurou o AtticaRouge, o espaço mais "in" do momento.
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in Pública, n.º 543, 15 de Outubro de 2006
2 Comentários:
Concerteza eu iria adorar percorrer os 6 Km para ver as 600 montras, era o delirio... e com dinheiro no bolso, não sei, não!! Hehehe, jinhos!!
Adorei a tua investigação por terras da grande muralha! Estou mais conhecedor do fascínio que o oriente nos reserva, um dia talvez eu possa passar por là...
bjs
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