Uma sugestão

(foto de Ana Kurika)

Um dia destes, visitem o Museu de Serralves - Museu de Arte Contemporânea, em que apresenta uma exposição sobre "ANOS 80". A mostra, inaugurada no passado dia 10 de Novembro, estará patente até finais de Março de 2007.

Comissariada por Ulrich Loock e Sandra Guimarães, a exposição "Anos 80: Uma Topologia" constitui a mais ambiciosa tentativa jamais empreendida para compreender essa década do passado próximo da arte dos nossos dias. Trata-se também de uma das maiores exposições apresentadas no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, integrando cerca de 250 obras maiores de cerca de 70 artistas de todo o mundo e ocupando uma área expositiva de 4.000 m2.

PORQUÊ OS ANOS 80?

Nessa década, o mundo assistiu a mudanças significativas nos campos político, social e cultural. Estas geraram novos desenvolvimentos, de grande alcance, cujos desfechos se têm revelado nos anos que agora vivemos.

Num momento do presente em que os contextos de arte surgem cada vez mais influenciados pelo mercado, pelo aparecimento massivo de compradores e de coleccionadores, pelo constante aparecimento de novos artistas e de eventos como feiras de arte, bienais e grandes exposições colectivas, tornando-se relevante confrontar a década de 80, onde um período de euforia económica propiciou contextos similares que estruturaram aquilo que hoje se pode denominar um mundo de arte globalizado, com uma economia poderosa, onde muitas vezes a especificidade da criação artística e da reflexão por ela suscitada se dissolve frequentemente nos momentos de representação social dos eventos desse mesmo mundo. Houve quem dissesse nos anos 80 que "a vanguarda era o mercado", apropriando-se da discussão pós-moderna para declarar absoletos os problemas criados pelas vanguardas artísticas do século XX. Vinte anos depois, esta exposição assume uma resistência a essa leitura da década, recentrando-a numa constelação de artistas e de obras que se distingue precisamente por reassumir muitas das problemáticas que as diversas vanguardas tinham até ao momento protagonizado.

disse, o director do Museu, João Fernandes

Meus amigos, não percam a oportunidade.

Dou-vos uma dica. Se forem a Serralves numa manhã de Domingo, entram e não têm que pagar a entrada do Museu. Podem almoçar lá, tem deliciosos "comeres" distribuidos por toda a área, podem levar "uma bucha" e comer ao ar livre nos seus jardins que são lindíssimos. Levem uma boa companhia, o nomorado, o amigo, a amiga... quem quiserem... é bastante agradável, e podem passar um dia diferente.

... e não se esquecçam da máquina fotográfica...!!!

Para quem passou por esta maravilhosa década... certamente é um recordar de bons velhos tempos... para quem nasceu muito depois dela...vale a pena...vão ver... e depois digam-me alguma coisa!!!

Um bom feriado, e um bom fim de semana

Um grande beijo

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Dor

(foto tirada da net)

Aqueles que me têm muito amor

Não sabem o que sinto e o que sou...

Não sabem que passou, um dia, a Dor

Á minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor,

Este frio que anda em mim, e que gelou

O que de bom me deu Nosso Senhor!

Se eu nem sei por onde ando e onde vou!

Sinto os passos de Dor, essa cadência

Que é já tortura infinda, que é demência!

Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,

A mesma angústia funda, sem remédio,

Andando atrás de mim, sem me largar!

in, Florbela Espanca

...

(foto tirada da net)

"o ter destroi o que o querer ter tinha de bonito"

Um beijo e boa semana

Um brinde

(foto tirada da net)

Tim Tim!!!

Olá Amigo.

Hoje convido-te a brindar comigo ao sabor de um bom copo de vinho maduro tinto.

Na garrafeira, pequena diga-se, procuro uma garrafa que me agrade... encontrei... é esta! É uma Quita do Castro de 2004, um douro é sempre bem vindo!!! Hum... provo... e degusto... límpido, cor vermelho-violeta, aroma frutado e jovem, com presença de frutos vermelhos e percepção alcólica que lhe confere uma harmonia quente, sabor cheio na boca, macio, com taninos redondos e bem integrados e estrutura robusta.

Sirvo-te o vinho num balão, que depois de repousar no decante, merece uma boa companhia. O vinho merece. Eu mereço, ...acho. Tu mereces!!!

É servido até metade do meio copo, para melhor poder respirar...o vinho!!!As maçãs do rosto ficam mais luzídias. Os olhos brilham mais e mais, e...o bem estar instala-se.

A lareira está acesa. A madeira de sobreiro oferece-nos lindos estalos que musicam juntamente com as vibrações da luz da fogueira a canção que preferires...!!!

Eu, sento-me no chão. Tu podes sentar-te onde quiseres..., no sofá, no cadeirão, ... ou a meu lado... junto da lareira!!!

Conversamos...damo-nos lindamente... tantas coisas em comum... e tantas coisas engraçadas que nos aconteceram...a cada qual.

O vinho vai fluindo pelas nossas gargantas e aquece-nos a alma...juntamente com as experiências trocadas...!!!

Arregaço as mangas da camisa, estou com calor...!!! Adoro andar de camisa... e nunca de punhos apertados, gosto de ver os pulsos e o relógio.

Relaxei... sinto-me bem...!!!

Recosto-me sobre a parede e fecho os olhos!!!

A tua companhia é importante!

Obrigada por beberes este copo junto de mim!!!

..... fragmentos de pequenas grandes coisas, de Ana Kurika .....

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Um beijo...

Bom fim de semana...

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Carta de Amor

(Foto de Ana Kurika)

"Bébézinho do Nininho-ninho

Oh!

Venho só quevé pâ dizê ó Bébézinho que gotei munto da catinha d'ela. Oh!

E também tive munta pena de não tá ó pé do Bébé pâ le dá jinhos.

Oh! O Nininho é pequinininho!

Hoje o Nininho não vae a Belém porque, como não sabia s'havia carros, combinei tá aqui ás seis o'as.

Amanhã, a não sê qu'o Nininho não possa é que sahe d'aqui pelas cinco e meia (1).

Amanhã o Bébé espera pelo Nininho, sim? Em Belém, sim? Sim?

Jinhos, jinhos e mais jinhos

21/05/1920 Fernando"

(1) Aqui a "meia" estava desenhada

Carta de Amor de Fernando Pessoa a Ophélia

in, Cartas de Amor de Fernando Pessoa

Conheciam esta vertente de Fernando Pessoa?

Beijinhos

(Foto de Ana Kurika)

As fotografias, foram tiradas no jardim do Castelo de Santa Maria da Feira.

Jinhos e mais Jinhos
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Os versos que te fiz

(foto tirada da net)

Deixe dizer-te os lindos versos raros

Que a minha boca tem pra te dizer!

São talhados em mármore de Paros

Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolência de veludo caros,

São como sedas pálidas a arder...

Deixa dizer-te os lindos versos raros

Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...

Que a boca da mulher é sempre linda

Se dentro guarda um verso que não fiz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...

E nesse beijo, Amor, que eu te não dei

Guardo os versos mais lindos que te fiz.

Beija-mas bem!... Que fantasia louca

Guardar assim, fechados, nestas mãos,

Os beijos que sonhei pra minha boca!...

in, Florbela Espanca

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O Amor está no ar...

Beijinhos e Bom Dia

Ana Kurika

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Paz interior

(foto de Ana Kurika)

Sábado! A chuva chegou, algum frio também. O tempo convidava ao aconchego doméstico, roupa descontraída e confortável.

Não me apetecía. Faltava-me algo. Tinha que sair. Estava sózinha...com todo o tempo para mim, só para mim, e queria aproveita-lo como me apetecesse...e não era em casa que queria.

Queria ir para a rua, ver gente, olhar gente, sorrir para a gente, a gente sorrir para mim... era assim...que eu queria.

Queria voar, sair daqui e dali e andar por mim, a vaguear qualquer local que me fizesse sentir que eu estava a voar...

Sair de mim, e ir...para onde...não sei ...mas fui!!!

Carro. Autoestrada. Porto. Guarda chuva. Gabardine. Era eu. Cheguei.

Passeei. Fiz compras, estas eram urgentes fazê-las. Qualquer mulher pensava logo, vou comprar coisas (subentenda-se roupa...sapatos...carteiras...perfumes,...) para mim...faz bem ao ego...é como uma terapia...que não sei porquê é comum a todos os seres ditos femininos...e a mim também, não posso negar. Mas, não só...para mim...!!!

Livrarias. Adoro. Amo. Adorava ter uma. Não para vender, mas para os poder arrumar, como queria, e...ler...os que me apetecia. Os livros.

Vi tops de vendas... hum...ainda não li aquele...nem aquele...mas quero ver tudo. O que me apetecer. Não. Quero ver outros...muitos...tenho que escolher...não vou levar todos...comprei três. Um é técnico. Outro é para oferecer. E o outro é para ler. Já.

De volta. Estava contente pela chuva, pelas pessoas, pelo frio, pelos livros...sentia-me tão bem que os outros conseguiam sabê-lo...através do olhar...talvez!!! Passei por muitos desconhecidos que sorriam para mim...e eu sorria para eles...que estranho!!! Que estúpido.

Regressei a casa.

Sinto-me bem.

Ás vezes perdemos tanto tempo à procura de grandes viagens... que não nos trazem a magia destes pequenos momentos.

O que eu queria fazer ver com este texto estúpido sobre um tema estúpido...é que é nas coisas mais simples da vida que tiramos a essência genuína do "carpe diem".

Chateamo-nos com tão pequenas coisas...aquelas pequenininhas...mesmo pequenininhas, estão a ver!!! Para quê?

Não vale a pena...

..... fragmentos de pequenas grandes coisas, de Ana Kurika .....

Um beijo e boa semana

Heart

(foto tirada da net)

Heart

Heart like

a window

I must

keep it clean

and open

in, Bill Piccolo

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Em casa a ver a chuva cair, na rua, no café...

só ou acompanhado...

desejo-vos um bom fim de semana

Ana Kurika

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É urgente o amor

(foto tirada da net)

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente

permanecer.

in, Eugénio de Andrade
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Beijos e Bom Dia

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Futuro Incerto

(foto recebida por e-mail)

Já pensaram nesta situação?

Ás vezes penso bastante... no que será a minha vida, quando já não puder trabalhar! Admito que vou trabalhar até não me deixarem... não por falta de capacidade (??!!) mas por antiquidade de casa...!!! Hehehe!!!

Pretendo manter-me atenta à evolução do mundo, e espero poder ouvir e ver para compreender e manter-me actualizada.

Certamente, quando for menos jovem, manterei o mesmo aspecto no vestir e no modo de estar... mas será que será apropriado, será que não criará um choque para as gerações mais novas? Penso eu... terei os meus Jeans tão rotos que já não se usam? Os sapatos e botas de pele que hoje tanto gosto, serão a marca do barroco de outros tempos? Será que terei de adoptar um estilo bem "naíf", bem "cool", bem "low-profile"... mas ... assim ... deixo de ser eu...!!! Serei eu assim e não dei conta?

A Alfabetização que tanto ansiamos conquistar na sua plenitude... chegará ainda aos nossos dias de velhice? Não sei se consigo acompanhar o "barco"... Quando tiver 70 anos poderei estar a "blogar" com vocês? Será que nos vamos safar com a evolução tecnológica?

Os novos conceitos do sec. XXI, MP3 ... i-pod... e sei lá mais o quê... estarei eu atenta? Saberei manter-me na fila da frente?

Saberei comunicar?

Os rendimentos que vamos obter nesses tempos chegarão para mantermos o mesmo nível de vida?

A pensão que vamos receber (será) dará para pagarmos as nossas despesas básicas? Nós geração superendividada ...vamos conseguir sobreviver?

Certamente, que a pobreza que vamos passar será maior e mais profunda do que a pobreza que os nossos avós passaram.

Um futuro incerto... que espero ser feliz... ???!!!

..... fragmentos de pequenas grandes coisas ..... de Ana Kurika

Um beijo

Ela...

(foto tirada da net)

O seu andar de passos curtos originam movimentos nos seus longos cabelos negros...é certo que o negro a tem acompanhado nestes últimos tempos!!! Principalmente na roupa, ... mas coincidência somente! Calhou! A gabardine branca contrasta este modo de ver, gosta dela, da gabardine...dá-lhe um toque mais chic...hum...pensa ela!!! Mas é certo que se gosta de ver com este contraste...o preto e o branco!!!

Como demais assuntos...não há meios termos, ou é ou não é...! Por exemplo as relações com os outros... então a da Amizade...bom essa é o seu tesouro...tem outros, mas não gosta de os fazer brilhar todos, entendem-na? Eu entendo-a... a seu tempo... uma coisa de cada vez...!!!

Não há cá misturas...!!!

O curso de Gestão abriu-lhe caminho para lidar com muitos números... e muita gente, são importantes sim...muito importantes...ela até gosta...bem gosta com certeza absoluta...mas há momentos que preferia ter enveredado por temas bem diferentes...como por exemplo letras...relações humanas...sei lá, diz ela!!!

Ás vezes nota-se qualquer jeito e tem facilidade em dizer o que quer, quer falado quer escrito. A comunicação é portanto o seu forte...mesmo com os clientes consegue levá-los...nem sempre...mas quase sempre!!!

De quando em vez deixa-se mergulhar numa dor que a acompanha há alguns anos...vai passar...um dia...mas demora...muito...muito!!! Raramente fala disso...não quer falar portanto, temos que respeitar..., não acham!?! Eu respeito-a, e às vezes sinto a tristeza dela, e ... fico triste também, então choro junto dela... pelo que sinto e por ela... a dor!!!

Mas tem muitas outras coisas boas...a Família...preserva-a e sente-a como uma Leoa com os seus filhotes...!!! Partilha muitos momentos com eles...e muitas vezes prescinde de vontades suas, para oferecer aos outros a sua presença!!!

O seu cão, bom esse é o menino da casa... bons momentos que passam juntos...é um balsamo depois de um dia extenuante...e a casa também gosta! Gosta das lides domésticas, cozinhar, jardinagem...e as flores dão-se com ela! Tudo cresce e flora rápido... que até faz inveja aos outros! Como crescem as flores dela... orquídeas e jarros brancos, são as suas preferidas!

Gosta de ajudar toda a gente...no que puder... no trabalho também!

E os mais novos, bom esses são o barómetro da sua juventude...diz ela!!! Prefere ficar sempre ao lado deles, em detrimento (quase total) dos outros...!!!

Estabelece qualquer diálogo... desde sons "cucu"..."oláááá"... "hehehehe"... que prende a atenção do mais recém nascido, leva-o logo a procurar de onde vêm as caretas e estes sons carinhosamente estúpidos...como todos os outros..., inventa histórias que com as suas feições muito expressivas consegue reter a respiração dos mais pequeninos...e não só... mesmo os teenagers, sim esses... daquela idade difícil...do egocentrismo... do eu centro do mundo...do eu é que sei... bons esses gostam dela, gostam de tirar ideias sobre pareceres de determinado assunto... não é na base da conficialidade...não nada disso... é na base de conversa, daquela conversa que quando está com eles, sente que todos querem ficar a seu lado.

Ela é mais ou menos assim... tem mais coisas boas e tem também outras coisas más.

Ela?

...fragmentos de pequenas grandes coisas, ... de Ana Kurika

..... Um beijo para todos e bom fim de semana .....

Se eu fosse apenas...

(foto tirada da net)

Se eu fosse apenas uma rosa,

com que prazer me desfolhava,

já que a vida é tão dolorosa

e não te sei dizer mais nada!

Se eu fosse apenas água ou vento,

com que prazer me desfaria,

como em teu próprio pensamento

vais desfazendo a minha vida!

Perdoa-me causar-te mágoa

desta humana, amarga demora!

- de ser menos breve do que a água,

mais durável que o vento e a rosa...

in, Cecília Meireles

Ser

(foto tirada da net)

ser gente é ser simples

partilhar afectos

engrandecer com gestos pequenos

não recear abrir a alma

fechar a mão noutra mão
sorrir aos sorrisos que nos dão

in, Juntando as Letras, de António Paiva

Fui até à Livraria Leitura e comprei o Livro "Juntando as Letras".

Fêz-me companhia enquanto esperei para ser atendida na Camara Municipal do Porto, e o tempo longo da espera, ficou reduzido a um doce encanto enquanto folheava página a página.

Transmitiu-me serenidade...

Fiquei com pena de não estar presente na apresentação, mas a hora não me convinha...tinha sido atendida cedo e teria de regressar...ainda ao trabalho!!!

Boa Sorte António Paiva versus Chuvamiuda

Bjs

...

(foto tirada da net)

Deslumbrante - tal era a minha rua.

Os anos passaram. Aprendi um pouco, viagei muito, conheci outras luzes, isto é, de acordo com os céus, os sóis e os mares, distingui a gama incomparável das claridades tão necessárias ao homem como à planta. Mas nada, nem na natureza nem nos livros, me deixou na recordação esta sensação de brancura forte, implacável, imutável, do sol da "minha rua".

Sem dúvida tal deslumbramento era apenas interior ou existia, quando muito, nas metamorfoses da memória. Nunca pude assegurar-me da sua realidade. Mas esta saudação solar era a da própria vida. Tinha 10 anos, e pela primeira vez experimentava "a vida": anunciava-se por um ferimento inicial, do vegetal passava ao animal, ao bicho separado do bicho; e, porque eu era um filhote de homem e não um gatinho, uma lágrima acabava por se me secar no rosto.

Sim, "deslumbrante", com os seus edificios cinzentos que o sol pintava de branco, erva verde engastada nos paralelos nacarados, marcos que lhe preservavam a solidão. Deslumbrante ao ponto de fixar os instantâneos no negativo da memória. Para sempre! E volto a ver esse menino trémulo e puro enfrentando as primeiras tragédias, de pálpebras frementes, um certo bater do coração - não como se fosse eu mesmo mas como se se tratasse do meu próprio filho outrora dissolvido em excessos de luz branca. E todavia o mundo era tão alegre...

in, A Caixa de Fósforos, de Robert Sabatier

Eu

(foto tirada da net)

Não digo tudo que tenho...

mas tenho tudo que digo,

em versos rasgados,

traçados ou sublinhados,

falo um pouco de mim,

deixo esboçado um querer,

mesmo que apenas

o papel sinta

o mundo que eu não sei!

in, Cláudia Franco